Uma Dodge Ram segue pela estrada de terra no interior de Minas Gerais. Na carroceria há um pitbull imenso, branco, todo amarrado com cordas, como se costuma fazer com motocicletas. Ao chegar a uma encruzilhada a caminhonete pára. pois seu motorista não tem bem idéia de qual rota deve seguir. Olhando em volta, vê, à sombra de um grande ipê-amarelo, um homem com seus sessenta e poucos anos sentado, fumando um cigarro de palha. O motorista pergunta então: -Amigo, qual das duas estradas é a que leva a Brasília? -Pode pegá a da esquerda que ocê vai lá. Nisso o motorista vê junto ao homem um cachorro muito grande, vermelho-amarelado, magro, amarrado pelo pescoço a um arbusto e curioso pergunta: -Esse teu cachorro é bom de briga? -É sim sinhô. -O meu pitbull é de luta, nunca perdeu uma, tudo que eu tenho ganhei com ele em apostas. Como ele está sem treino há dias, quer fazer uma briga entre ele e o seu cachorro? Aposto a minha caminhonete contra um cigarro de palha, que o seu vai perder. -Seu moço, num faça isso, cê num cunhece, o seu pitbur vai perdê. -Nunca. Ele não perde pra cão nenhum deste mundo. Vou soltá-lo e você, solta o seu. -Tá bem moço, mais o seu vai perdê. Soltos os dois, o cachorro do mineiro avança direto sobre o pitbull e numa só dentada acaba com ele imediatamente. -Ai meu Deus, meu pit morreu, como eu vou ganhar a vida agora, se eu vivo de lutas entre cães? Quer vender o seu? -Não moço, eu te dou ele de presente, ele come muito mesmo, com você ele será bem tratado. Pode ficá também com sua caminhonete. -Muito bem, não sei como agradecer, com ele agora nós seremos imbatíveis. Mas, que raça de cachorro é essa mesmo? -Olha moço, sei bem não, eu ganhei ele do pessoal de um circo que passou por aqui, há tres meses. Ele tinha uma cabeleira bem grande na cabeça e no pescoço, mas eu cortei tudo!