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Um Mega Susto


Guest Eu Apostador

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É velha mas vale a pena ler quem ainda não leu.

Loteria

Um mega susto

Um prêmio de 65 milhões de reais

pode trazer felicidade

ou muita dor de cabeça

Eliana Simonetti Ricardo Benichio

economia11.jpgJoaquim Chaves:

de carroceiro a criador

de gado com um prêmio

de 152 000 dólares

Imagine um prédio de dez andares, com cinco janelas em cada andar, todas com luzes apagadas, numa noite de blecaute, sem lua. De repente, todas as luzes se acendem, como num flash de máquina fotográfica. É essa a sensação de susto, êxtase, embriaguez e prazer que quem joga diz experimentar quando ganha dinheiro numa aposta. "É como uma explosão", contam. O baiano ganhador da Mega Sena da semana passada, que embolsou 65 milhões de reais apostando apenas 1 real e permanecia incógnito até a última sexta-feira , deve ter sentido algo parecido. Esse foi o maior prêmio já pago no país a um apostador de loteria. O ganhador foi a uma agência da Caixa Econômica Federal, aplicou sua fortuna em letras hipotecárias e fundos de investimento administrados pela própria Caixa, e desapareceu. "É o melhor que ele poderia ter feito. Quem ganha tanto dinheiro de repente precisa parar e deixar assentar a poeira", diz Márcio Orlandi, um economista, consultor em São Paulo, que ganhou 110.000 dólares na loteria esportiva em 1974. "É possível viver tranqüilamente só com os rendimentos desse prêmio, ou meter-se num negócio e quebrar a cara, perder tudo." "Tentamos orientar os ganhadores para que eles tratem seus prêmios de forma sensata", diz Fábio Alvim, gerente executivo de loterias da Caixa em Brasília.

Postas dessa maneira as coisas parecem simples, não é? Mas quem tem dinheiro garante que é muito mais fácil ganhá-lo do que conservá-lo. E a sensatez não é uma qualidade que se deva esperar de um apostador de loteria. De uma maneira geral, o grosso dos apostadores não é formado por milionários ou por gente que tenha experiência em lidar com dinheiro. São pessoas cujo sonho é poder viver no luxo ou brincar de investidor sem ajuda de profissionais. "O problema de quem ganha uma fortuna num prêmio é que não faz idéia do que é construí-la tostão a tostão, e por isso não cuida do dinheiro com carinho", diz o banqueiro Joseph Safra, dono do banco Safra. Muitas das histórias relacionadas a prêmios de loteria são desoladoras. Em 1974, o mineiro José Santana da Silveira era maquinista da siderúrgica Belgo-Mineira. Apostou 2 cruzeiros, na época, e ganhou o correspondente a 2,5 milhões de dólares. Foi uma algazarra. Ajudou a família, comprou uma bela casa, um terreno e uma fazenda para criação de gado. O dinheiro que sobrou foi mal aplicado. José Santana da Silveira morreu de infarto no início deste ano. Deixou para a viúva, dona Terezinha, 15.000 reais numa caderneta de poupança, uma casa que está sendo vendida por 180.000 reais (e não encontra comprador) e uma mala repleta de promissórias e cheques sem fundo. "Muita gente tomou dinheiro emprestado e fugiu da cidade. Ficamos sem nada", diz a viúva. "O dinheiro fez com que meu marido adoecesse." Celio Apolinario

economia12.jpgJosé Silveira, morto no início deste ano: 2,5 milhões

de dólares perdidos em

empréstimos que nunca

foram pagos

Para os brasileiros que fizeram 60 milhões de apostas naquele concurso da Mega Sena, dizer que dinheiro pode trazer desgosto, problemas e sumir rapidamente pelos vãos dos dedos parece piada. O fato é que a maioria das pessoas não está preparada para cuidar de 1, 2 ou 10 milhões. Nos Estados Unidos as loterias pagam os prêmios em vinte anos e vasculham a vida e a cabeça do ganhador para ver se ele tem condições de lidar com tanto dinheiro sem enlouquecer ou perder tudo. Os conselhos de especialistas brasileiros para quem ganha 65 milhões de reais de uma só tacada e não tem experiência empresarial são todos parecidos. Nunca se deve deixar todo o dinheiro numa única aplicação. Numa economia pouco estável, como a brasileira, é bom investir 60% do patrimônio em papéis cambiais, que sejam corrigidos conforme a variação da moeda americana. Outros 25% podem ficar em fundos de renda fixa. E 10% podem ser arriscados na bolsa de valores, se a pessoa gostar de alguma aventura. Com os 5% restantes dá para comprar mansão, casa na praia, lancha, helicóptero, viajar pelo mundo, consumir até a exaustão e ainda dar uma forcinha para amigos e familiares. "Dessa maneira, gastando 100.000 reais por mês, o sortudo ainda ficará com sua fortuna intocada", diz Sérgio Machado, administrador de fundos do banco Fator, de São Paulo.

Há outra questão muito curiosa que tem sido estudada acerca dos efeitos do dinheiro na vida das pessoas. Diz respeito à felicidade. "Ganhar na loteria pode nos fazer mais felizes por um mês ou dois, mas rapidamente voltamos ao nível de contentamento que tínhamos antes do grande evento", diz o psicólogo David Lykken, autor do livro Happiness (em português, felicidade), que trabalha no centro de estudos avançados em ciências de comportamento, na Califórnia.

Foi assim com o gaúcho Paulo Tadeu Stolfo, funcionário de uma marmoraria que jogou 1 real e ganhou o correspondente a 5,4 milhões de dólares em 1995. Mudou-se com a família para um apartamento dúplex de cobertura, comprou um carrão importado, montou uma fábrica de produtos de couro e retomou o ritmo de vida que tinha antes do prêmio. Joaquim Dias Chaves, um carroceiro da cidade de Assis, no interior de São Paulo, que vivia com meio salário mínimo mensal para sustentar sua família de cinco filhos, tem história parecida. Acertou a Supersena em 1996. O prêmio foi pequeno perto do que foi pago na semana passada: o correspondente a 152.000 dólares. Joaquim é analfabeto. Depois da notícia de sua sorte, foi procurado por muita gente. "Tinha mulher convidando para sair, vizinho pedindo dinheiro emprestado", conta. "Mas eu pensei em tudo direitinho." Comprou um sítio, três casas para a família e uma chácara. Aos 60 anos de idade, continua levantando da cama de madrugada para lidar com o gado e cuidar de suas terras. "Não tenho empregados, mas agora trabalho para mim e vivo com tranqüilidade", diz. "O que traz felicidade não é o dinheiro. Dinheiro traz conforto."

Jogo é uma febre no mundo inteiro. A maior loteria do planeta é El Gordo, um sorteio que corre às vésperas do Natal na Espanha e que distribui cerca de 800 milhões de dólares em prêmios. Só na Europa, as loterias faturam cerca de 60 bilhões de dólares por ano. No Brasil, a Caixa Econômica Federal calcula que o jogo movimente, anualmente, 5 bilhões de reais 2,4 bilhões só nas loterias da CEF. As chances de uma pessoa acertar num jogo da Mega Sena são de uma em 50 milhões. É uma loucura. Mas o dinheiro apostado nos jogos da CEF cresceu 41% desde 1996. "Muita gente perde o controle e se torna jogador compulsivo. Vai deixando de trabalhar, aposta a vida no jogo", diz a psicóloga Maria Paula Magalhães, coordenadora de um programa de orientação aos dependentes do jogo na Escola Paulista de Medicina. "O jogo é como uma droga." Mas vá dizer isso para quem embolsou os 65 milhões da semana passada. Ou para quem fez apenas três pontos, não ganhou nada, mas ainda tem a esperança de que um dia a sorte lhe possa sorrir.

Fonte : http://veja.abril.com.br/201099/p_170.html

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  • 4 weeks later...
  • 2 weeks later...

Este é um TÓPICO IMPORTANTÍSSIMO, é a primeira vez que li este artigo que me pareceu muito sensato e esclarecedor. Tenho em mim uma convicção que devemos está PREPARADOS PARA GANHAR e para PARAR quando não nos saímos muito bem já algum tempo tentando, isso vale muito para aquelas pessoas que "exageram" nos bilhetes e ficam muitas das vezes, na MAIORIA ABSOLUTA com uma conta a mais para pagar porque tirou dinheiro daqui e colocou no jogo COM A CERTEZA QUE IRIA GANHAR.

Parabéns pelo post...

Muito cuidado em apostar e MAIS CUIDADO AINDA QUANDO GANHAR... Lógico que um prêmio MAIOR!!!

SEM SACRIFÍCIO NÃO HÁ VITÓRIA!!! :ugeek:;)

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