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Percentuais $ - Distribuição (Arrecadação)


Bigode

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Fonte: http://br.esporteinterativo.yahoo.com/noticias/por-que-timemania-n-o-deu-certo-130500737.html;_ylt=ArESu9rXB_rV2w6WPnMjk.UfBK1_;_ylu=X3oDMTFyNDI0NGVqBG1pdANBUlRJQ0xFIEFydGljbGUgQm9keQRwb3MDNwRzZWMDTWVkaWFBcnRpY2xlQm9keUFzc2VtYmx5;_ylg=X3oDMTNjcWdtbDFuBGludGwDYnIEbGFuZwNwdC1icgRwc3RhaWQDNWMzN2RhNGMtNTQ0Ni0zNTVmLTkyZjItYTMxMDRiNjgxYzZlBHBzdGNhdANmdXRlYm9sBHB0A3N0b3J5cGFnZQR0ZXN0A2NvbnRyb2xfdGFncw--;_ylv=3?page=1

 

 

A ideia é boa: ter uma fonte extra de arrecadação além dos jogos, patrocínios e direitos de TV para ajudar a pagar os valores gigantescos que movimentam a maioria dos grandes clubes de futebol no Brasil. O apelo? A paixão do torcedor pelo seu time do coração. Mas, o escândalo da Loteca nos anos 80 e da Máfia do apito em 2005 são ainda duas feridas abertas e os desdobramentos daquelas acusações de manipulação de resultados ainda fazem muita gente desconfiar da eficácia e do real destino do dinheiro arrecadado nas loterias.

 

A Timemania

Um projeto de uma nova loteria e fonte de renda para pagamento de dívida dos clubes surgiu em 2006. E foi em 2008, no auge do governo Lula, que a Timemania foi lançada. Desde então, cada apostador faz a sua fézinha citando do time que gosta mais. Quantos mais votos esse clube receber, mais valor em repasse ele tem direito. Com cifras astronômicas em jogo, a matemática e porcentagem de cada um também não é tão simples entender. Mas os times têm direito a 22% da arrecadação bruta das apostas. Tendo como base a tabela do Campeonato Brasileiro de 2007, um ano anterior ao lançamento da nova loteria, a primeira divisão para arrecadação das equipes foi feita a partir da ordem de classificação.

20% do valor geral é para:

- equipes da Série A ficam no grupo 1 e com 65% dos recursos divididos em partes iguais

- equipes da Série B ficam no grupo 2 e com 25% dos recursos divididos em partes iguais

- equipes da Série C ficam no grupo 3 e com 8% dos recursos divididos em partes iguais

- demais clubes estão no grupo 4 e com 2% dos recursos divididos em partes iguais

Os 2% complementares vão para o "Clube do Coração" mais votado.

Como todo jogo da Loteria Federal, a Timemania também tem uma distribuição social do valor arrecadado: 3% para o Ministério do Esporte, 3% para o Fundo Nacional de Saúde, 3% para o Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN), 2% para o Comitê Olímpico Brasileiro e Comitê Paraolímpico Brasileiro e 1% para a Seguridade Social, além de 13,8% a título de Imposto de Renda. A estimativa era que só os clubes da Série A, tivessem, em média, arrecadação de 300 mil reais por mês. Naquela época, a dívida total dos clubes brasileiros era de quase 2 bilhões de reais com impostos como INSS, FGTS, Receita Tributária, Receita Previdenciária e Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. No projeto, os clubes poderiam ter um financiamento de 20 anos e só passariam a receber o repasse após a quitação das dívidas.

Ainda em 2008, a Caixa divulgou os números do primeiro repasse de valores. O valor bruto arrecadado foi de R$ 6.156.871,59 e os clubes que aderiram tiveram uma renda de R$ 3.983.858,12 para renegociar suas dívidas. No total, 80 clubes participam da Timemania e com a divisão estabelecida no repasse, os valores não foram suficientes para começar a brincadeira. No entanto, as apostam continuaram e muitos torcedores foram contemplados. Desde então, o time mais popular é o Flamengo que detém uma média de 9 a 10% do total das apostas, seguido pelo Corinthians com uma média de 7% do total. A cada ano a lista de times muda conforme a classificação nos campeonatos nacionais como Brasileirão e Copa do Brasil e nos estaduais. Por consequência, os valores arrecadados também variam.

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Clube dos treze, Ricardo Teixeira e mudanças na Timemania

A crise no Clube dos Treze começou em 2010 com a reeleição do novo presidente, Fábio Koff. Os times dividiram a preferência em quem queriam no comando da entidade. Em fevereiro de 2011 o Corinthians, ainda com Andres Sanchez na presidência, declarou que estava se desfiliando do Clube por não concordar com a negociação dos direitos de TV para transmissão do Campeonato Brasileiro. O exemplo foi seguido por vários outros times que preferiram negociar sozinhos com os canais, ou melhor, com a Globo que continua com os direitos principais de transmissão de jogos no Brasil. Um ano depois, em 12 de março de 2012, Ricardo Teixeira renunciou à presidência da CBF. Toda essa mudança de cenário e comando foi pano de fundo para que meses depois a Caixa anunciasse mudanças na Timemania. Segundo reportagem da época, essas mudanças passaram a ser cogitadas por conta do fracasso da Timemania, que nunca rendeu os valores esperados pelos idealizadores da loteria. A estimativa inicial, feita em 2006, era de que fossem arrecadados até R$ 500 milhões por ano, dos quais 22% seriam destinados ao pagamento das dívidas fiscais dos clubes, avaliadas à época em cerca de R$ 2 bilhões. No entanto, entre 2008 e 2011, foram arrecadados em média R$ 125,8 milhões por ano, com repasse de apenas R$ 27,6 milhões para os 80 times participantes. Com as correções referentes ao período, as dívidas fiscais dos clubes já se aproximam de R$ 3,5 bilhões.

Pouco mais de seis meses depois da medida, a Caixa anunciou a configuração dos times para 2013 e informou quem em 2012, os recursos destinados aos clubes participantes arrecadou 256 milhões.

Por que não funcionou?

Simplesmente porque os números mostram que mesmo com a adesão dos torcedores, os repasses e o valor arrecadado não cobre nem metade do valor das dívidas. A cada ano, a correção de juros sobre o valor inicial só aumenta o montante inicial devido. Não se fala ainda em extinção da Timemania, mas já há outras novas outras sugestões de resolver pelo menos parte dos problemas. Em março deste ano, o governo federal anunciou que prepara uma MP (medida provisória) para perdoar a dívida bilionária dos clubes de futebol em impostos, taxas e contribuições. Pelo projeto formatado por executivos do Ministério do Esporte e deputados federais, os clubes trocarão 90% da dívida que possuem com o governo pelo compromisso de realizar projetos sociais, que envolvem a abertura de suas estruturas esportivas gratuitamente para jovens das comunidades próximas aos clubes. A dívida dos 20 principais clubes do futebol brasileiro está avaliada em pelo menos R$ 4 bilhões pela pasta do Esporte. A ideia é do deputado federal Vicente Cândido (PT-SP), vice-presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol) e sócio de Marco Polo Del Nero, presidente da FPF e vice-presidente da CBF

O último levantamento feito em 2011 aponta que os maiores devedores são os times cariocas. Fluminense deve R$ 405 milhões, Botafogo tem R$ 564 de dívidas, Flamengo com R$ 355 mi e Vasco com R$ 387 mi. Entre os times principais, os do Sul e Sudeste são os que tem as contas melhor equilibradas, ainda que não sejam campeões de patrocínio e ações de marketing esportivo. Dessas equipes, as que tem as maiores dívidas são Santos com R$ 208 milhões, Palmeiras com R$ 245 milhões e Atlético-MG com R$ 368 milhões. Ainda não há data definida para a apresentação da MP, mas membros do governo e parlamentares favoráveis à solução esperam que ela esteja pronta antes da Copa das Confederações. De acordo com o secretário nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, o jornalista Toninho Nascimento, a iniciativa não pode ser chamada de perdão, já que prevê uma contrapartida dos clubes de futebol em troca da anistia da dívida.

Se a MP for aprovada, a Timemania deve continuar existindo junto com uma raspadinha dos escudos dos times. Os recursos então podem ser repassados em modalidades esportivas diversas, não só o futebol. Se houver o perdão sugerido, de acordo com o projeto, os clubes poderão retirar suas certidões negativas de débito com a União e voltar a pleitear financiamentos e linhas de crédito público para investir em infraestrutura.

A conclusão é que boas ideias não sobrevivem à falta de planejamento. Os contratempos acontecem enquanto a dívida não para de rolar. E quando não se paga, não há boa vontade e coração de torcedor que resolva.

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