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Amor De Perdição


Valter Luiz

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Amor é o máximo desejo do bem a alguém ou alguma coisa. De forma simples e objetiva estas poucas letras definem aquilo que, em ultima análise, consiste no maior empreendimento humano: amar e ser amado. As letras ganham vida, cor, forma, tamanho e tom a partir da experiência de cada pessoa, imprimindo e condicionando a maneira de oferecer, assim como os critérios para receber amor.

São cada vez mais crescentes as queixas tematizadas pelo amor : sofrer, morrer, matar por amor… Estranho que tão nobre sentimento se converta em causa de sofrimento à tantas pessoas e repercuta, negativamente, na coletividade. Uns amam a tudo e a todos, outros não amam nada e ninguém; uns, após tentativas marcadas pelo insucesso, desistiram de amar; outros, mendigos do amor, contentam-se com qualquer coisa. Há quem só ama se for do seu jeito, nutrindo a falsa sensação e aparente controle da situação…

Uma das principais queixas relativas ao amor traz consigo um elemento fundamental: a retribuição. Está impresso em muitos, desde a tenra infância, a relação direta entre amor e retribuição, que consiste em ser recompensado ou punido à medida que se cumpre ou não determinada ordem ou exigência, geralmente advinda de superiores, num primeiro momento nossos pais, experiência maximizada ao longo da vida. A relação amor-retribuição está incutida em nossa cultura, permeando, inclusive nossa orientação espiritual.

Assim, elaboramos o entendimento, interpretamos o sentimento e traduzidos em comportamentos que, amar e ser amado está necessariamente relacionado a retribuição-pagamento ou punição-castigo. Sentimo-nos amados quando somos recompensados e desamados quando não recebemos o que esperamos e julgamos ser proporcional ao nosso investimento. Consequências disso? Quando o amor não se reveste de nossas referências, no seu doar ou receber, entramos em profunda crise e, consequentemente, definhamos.

O amor, no seu real, verdadeiro e mais profundo sentido passa, necessariamente pela gratuidade: ama-se de graça, na espontaneidade, na liberdade. Ao restringir o amor à medida do nosso coração, embora sejamos capazes de amar profundamente, perdemo-nos no desamor, quando somos desafiados a ir além de nós. Ao restringir o amor à medida do coração do outro, embora seja ele capaz de amar profundamente, perdemo-nos no desamor, quando deparamo-nos com seus limites. Possíveis e urgentes mudanças passam, necessariamente, pela revisão daquilo que estabelecemos, individual e coletivamente, como critérios e referências para doar e receber amor. Vençamos o desamor!

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