Valter Luiz Posted March 6, 2015 Share Posted March 6, 2015 Ousemos fazer o bem Num dia de sábado, na sinagoga, lugar de encontro para a oração, Ele cura aquele que o Evangelho Segundo Marcos chama de homem da mão seca. No sábado, dia sagrado, não era permitido fazer nada. Todos acompanham, atentamente, acusativamente a ação de Jesus que pergunta: “É permitido no sábado fazer o bem ou o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?” Diante do silêncio, Ele olha com tristeza, porque eram duros de coração. Realiza a cura. Os mestres do povo tramam como haveriam de matá-Lo.Prefiro caracterizar a cura do homem como sinal ao invés de milagre. O entendimento imediato de milagre desperta a sensação de coisa de outro mundo, mágica. Sinal, segundo o evangelista João, é algo real e concreto que objetiva transmitir uma mensagem para além da aparência. O semáforo nos auxilia na compreensão: cada cor, cada sinal, transmite-nos uma mensagem, um ensinamento.A verdade que a ação de Jesus quer transmitir ultrapassa a cura em si. Ele propõe refletir acerca da prática do bem e de o quanto deixamo-nos escravizar pelas convenções pessoais, grupais, sociais e religiosas, quando estas submetem a dignidade humana ao crivo de leis que têm por objetivo agradar grupos que, acima de tudo, querem perpetuar-se no poder. Jesus não desmerece ou diminui o valor da religião, enquanto instrumento que aproxima o coração do homem do coração de Deus. Ele questiona sim, a prática deturpada e corrupta da religião.A dureza dos corações não foi razão para que Jesus deixasse de agir. Tantas vezes deixamos de cumprir nossa missão, fazer a diferença para melhor na vida de alguém, justificando-nos através da dureza dos corações. Não ajudo porque muita gente ali não presta; não fui porque o fulano estava lá; não participo por culpa deste ou daquele… O mais profundo ensinamento desta passagem é: a dureza do coração de quem quer que seja não é razão suficiente para deixarmos de fazer o bem. Tantas vezes, escondemo-nos, covardemente, atrás da dureza dos corações dos outros.E o homem da mão seca? A ele se comparam tantos, também nós, quando precisamos que alguém ouse ultrapassar os limites da lei escravizante, quebrar o protocolo, para nos curar: um abraço, um sorriso, um conselho, uma advertência, a presença silenciosa, tantas vezes, é tudo o que precisamos para que nosso coração seja liberto da secura, aspereza e rigidez que machucam profundamente. Não poderia ser depois. Tinha que ser naquele dia, naquele lugar, naquela hora. Deixar para depois, pode não fazer a diferença para quem tem condições de ajudar, mas faz toda a diferença para quem precisa de ajuda. Ousemos fazer o bem, sempre! 5 Link to comment Share on other sites More sharing options...
CRodrigues Posted March 25, 2015 Share Posted March 25, 2015 Valter Luiz, muitas de suas postagens são como um bálsamo para aqueles que lêem e compreendem o que leram. Parabéns é pouco, mas obrigado! 1 Link to comment Share on other sites More sharing options...
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