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Ousemos Fazer O Bem


Valter Luiz

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Ousemos fazer o bem

 

49-artigo.jpg?resize=360%2C269Num dia de sábado, na sinagoga, lugar de encontro para a oração, Ele cura aquele que o Evangelho Segundo Marcos chama de homem da mão seca. No sábado, dia sagrado, não era permitido fazer nada. Todos acompanham, atentamente, acusativamente a ação de Jesus que pergunta: “É permitido no sábado fazer o bem ou o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?” Diante do silêncio, Ele olha com tristeza, porque eram duros de coração. Realiza a cura. Os mestres do povo tramam como haveriam de matá-Lo.

Prefiro caracterizar a cura do homem como sinal ao invés de milagre. O entendimento imediato de milagre desperta a sensação de coisa de outro mundo, mágica. Sinal, segundo o evangelista João, é algo real e concreto que objetiva transmitir uma mensagem para além da aparência. O semáforo nos auxilia na compreensão: cada cor, cada sinal, transmite-nos uma mensagem, um ensinamento.

A verdade que a ação de Jesus quer transmitir ultrapassa a cura em si. Ele propõe refletir acerca da prática do bem e de o quanto deixamo-nos escravizar pelas convenções pessoais, grupais, sociais e religiosas, quando estas submetem a dignidade humana ao crivo de leis que têm por objetivo agradar grupos que, acima de tudo, querem perpetuar-se no poder. Jesus não desmerece ou diminui o valor da religião, enquanto instrumento que aproxima o coração do homem do coração de Deus. Ele questiona sim, a prática deturpada e corrupta da religião.

A dureza dos corações não foi razão para que Jesus deixasse de agir. Tantas vezes deixamos de cumprir nossa missão, fazer a diferença para melhor na vida de alguém, justificando-nos através da dureza dos corações. Não ajudo porque muita gente ali não presta; não fui porque o fulano estava lá; não participo por culpa deste ou daquele… O mais profundo ensinamento desta passagem é: a dureza do coração de quem quer que seja não é razão suficiente para deixarmos de fazer o bem. Tantas vezes, escondemo-nos, covardemente, atrás da dureza dos corações dos outros.

E o homem da mão seca? A ele se comparam tantos, também nós, quando precisamos que alguém ouse ultrapassar os limites da lei escravizante, quebrar o protocolo, para nos curar: um abraço, um sorriso, um conselho, uma advertência, a presença silenciosa, tantas vezes, é tudo o que precisamos para que nosso coração seja liberto da secura, aspereza e rigidez que machucam profundamente. Não poderia ser depois. Tinha que ser naquele dia, naquele lugar, naquela hora. Deixar para depois, pode não fazer a diferença para quem tem condições de ajudar, mas faz toda a diferença para quem precisa de ajuda. Ousemos fazer o bem, sempre!                                                                                                             

 

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