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Meu Jeito de Ser


Valter Luiz

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Este é meu jeito de ser! Tantas vezes usamos esta expressão como argumento, na esperança de sermos compreendidos; tantas vezes ouvimos esta expressão de alguém que espera ser, igualmente, compreendido. O ‘este é meu jeito de ser’ ou ‘eu sou assim’, significa muito mais do que, a princípio, se possa imaginar. Vale o esforço para refletir acerca deste fenômeno simultaneamente simples e complexo.
Popularmente o ‘meu jeito de ser’ consiste numa tentativa de explicar e, tantas vezes, justificar a maneira como ocupamos nosso lugar no mundo, da mesma forma que o outro, serve-se do ‘meu jeito de ser’ para apresentar-se, argumentar, defender-se... O ‘meu jeito de ser’ me diferencia do jeito de ser do outro e, quando o ‘meu jeito de ser’ não combina, por alguma razão, com o jeito de ser do outro, instalam-se conflitos que, se não forem bem administrados, provocam estragos de todas as ordens e naturezas, do pessoal ao coletivo, do material ao espiritual.
O ‘meu jeito de ser’ nem sempre expressa, de fato, aquilo que sou. Por isso, constantemente, vemo-nos necessitados de reparar, explicar e justificar algo que tentamos fazer de uma maneira, porém, aconteceu diferentemente e o outro, com o seu jeito de ser, interpretou de uma terceira forma. Esta realidade, para muitos confusa, é resultante de uma combinação de fatores que vão do biológico e hereditário ao cultural e comportamental, de forma que o ‘meu jeito de ser’ não é meu no sentido absoluto, como se eu fosse sua causa primeira e originária, mas sim, no sentido relativo; aquilo que recebi ou não, aquilo que vivi ou não, aquilo que aprendi ou não, me fizeram ser aquilo que sou ou não.
Na busca pela compreensão deste fenômeno, os estudiosos denominam o ‘meu jeito de ser’ como personalidade, palavra cujo significado remonta as máscaras usadas pelos atores gregos, através das quais passava a voz, o som; ‘persona’ lembra personagem e, personagem, mais do que aquilo que sou significa aquilo que eu quero que os outros vejam, pensem, sintam e façam a meu respeito. Um personagem é uma representação não uma realidade. O ‘meu jeito de ser’ não, necessariamente, revela aquilo que sou, mas sim, a forma como quero ser visto. Tantas vezes, assim como não conseguimos transmitir aquilo que queremos que os outros vejam em nos, não conseguimos absorver aquilo que os outros querem que vejamos neles.
Servindo-nos dos muitos esforços, reflexões, propostas e conclusões acerca desta realidade, acumulados ao longo do tempo, desafiemo-nos mais do que a outros, a perscrutar este estranho, árduo e, ao mesmo tempo, surpreendente e encantador universo do ‘meu jeito de ser’. Bom percurso!

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