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Mais do que tolerar, respeitar e amar


Valter Luiz

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Se a eleição do presidente dos Estudos Unidos estremeceu o mundo, no Brasil, a bola da vez é o assunto proposto na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM): intolerância religiosa. Se por detrás da divulgação de uma imagem negativa do eleito Trump há um propósito, igualmente, por detrás do tema ‘Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil’, sobretudo, diante da exaustiva campanha que enfatiza a laicidade do Estado.
É importante, oportuno e necessário abordar a relação entre pessoas de confissões religiosas distintas. Tantas vezes ouvimos e falamos: “eu não tolero fulano”, “eu tolero sicrano, mas…”. Quem nasceu, cresceu e vive numa cultura fortemente marcada por expressões desta natureza, assimila que tolerar não é algo bom; é como ter que engolir algo ou alguém, contrariado.
Etimologicamente a palavra tolerância significa suportar, conceito relacionado a pensamentos, sentimentos e comportamentos marcados pela contrariedade. Suportamos por necessidade, não por amor, não por respeito, tampouco por consideração. Assim como é difícil tolerar alguém ou alguma coisa é doloroso saber e sentir que somos tolerados.
O tema proposto faz recair sobre a dimensão religiosa e, consequentemente, sobre as religiões, responsabilidade e culpa pela intolerância religiosa? São as religiões disseminadoras da intolerância? Todos os adeptos das religiões são intolerantes? O extremismo é um mau presente onde quer que o ser humano esteja. Certamente, o proselitismo, a fúria por arrebanhar adeptos, faz com que muitos semeiem discórdia e aversão, disseminando a idéia de que os diferentes são contrários e, por isso, inimigos. O objetivo decorrente desta postura é um só: não perder os adeptos que, se erguerem a cabeça, abrirem a mente e o coração, sairão em disparada.
Cabe-nos refletir, com maturidade e equilíbrio. A causa primeira da intolerância reside na religião, no time de futebol, no partido político,…? Respeito e convívio saudável para com todos não seriam elementos próprios do processo de formação e educação do ser humano, em suas múltiplas dimensões: pessoal, familiar, relacional e social? A questão é religiosa ou educacional? Todo adepto de uma religião é intolerante?Todo não-adepto de uma religião é tolerante? O caminho para superar a intolerância religiosa seria as pessoas não professarem uma religião?
As perguntas evidenciam lacunas existentes numa sociedade que, prefere acreditar que, eliminar o outro, eliminar o diferente, eliminar a religião, seja caminho de superação, e prega o tolerar (suportar contrariado) como alternativa. O caminho para combater a intolerância no Brasil, seja qual for, tem nome: Educação. E, como o fim último da educação é tornar o ser humano melhor, mesmo que alguém tente servir-se da intolerância, o ser humano educado saberá discernir que aquela proposta não é ideal. E, porque não, ao invés de tolerar, respeitar, acolher e amar? Tolerar é bom, respeitar é melhor, amar é o caminho.
 

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