Conselhos no Alvorada
Acordei de um sonho tão vívido que até hoje me pergunto se não fui mesmo convocado ao Palácio do Alvorada. Lula me chamou. O motivo? Mistério. Só sei que falou. E como falou.
No início, parecia conversa de bar: Corinthians pra cá, Corinthians pra lá. Eu, palmeirense convicto, comecei a suar frio. Irritação crescendo. Tentei mudar de assunto com diplomacia:
— Presidente… vamos mudar de tema. Esse time aí tá pra falir. Deve até pra dona Mariquinha, a mulher das marmitas.
Mas ele, com aquele ar de político que transforma tudo em plano de governo, rebateu:
— Não vai falir não! Vou direcionar verbas da Caixa, da Petrobras… e ainda sugerir um carnezinho pra descontar do INSS!
Senti a democracia do futebol em risco. Respirei fundo e fui direto:
— Se é pra falar de futebol, vamos falar do Mundial do Palmeiras.
— O Corinthians tem dois! Vocês não têm nenhum. 51 é a minha preferida — e não esse “mundial” aí.
— Presidente, o senhor é fanático. Considera torneio sem Libertadores como Mundial. Isso não dá!
— Não sou fanático.
— É sim. Fanático é aquele que não muda de ideia… e nem de assunto.
Aí o roteiro virou geopolítica. Lula, como quem muda o canal da TV, disparou:
— Então vamos falar do tarifaço. Vou bater de frente com o louco americano!
E com tom animado de boteco:
— Vou ensinar o Trampi como se taxa. Tenho a Marta, a Martaxa. Tenho o Haddad, o Taxad. Com esses dois, ensino ele ou não?
Tentei trazer moderação:
— Lulinha, isso aí já é jogo sujo. Trump sozinho e você com dois?
Mas ele sorriu com malícia e disse:
— Tenho uma carta na manga… vou taxar a taxa! Quero só ver a cara dele.
E então, o tom mudou. Me olhou nos olhos com um peso inesperado:
— Te chamei aqui porque preciso de um conselho.
— Estou atravessando um inferno. Acho que nenhum presidente passou por isso.
Olhei firme, com a certeza que se tem de um palpite no jogo do barão:
— Continue andando, Lulinha. Continue andando. É o meu conselho, presidente.