Tio da Sukita 
	 
	
		  
	 
	
		O tempo passa, e a gente, às vezes, não se dá conta.   
	 
	
		Mas não tem como segurar o tempo, minha força já não aguenta segurar o movimento do ponteiro do relógio.  
	 
	
		Os cabelos brancos, as dores, o raciocínio lento e as vezes impreciso bradam aos quatro cantos que o tempo se esvai como areia na ampulheta. 
	 
	
		Tento não acreditar que já sou um idoso. Digo a mim mesmo que não é o meu caso, sinto-me rejuvenescido a cada novo amanhecer e até me arrisco em fazer caminhada a passos de tartaruga, mas com a sensação de estar voando. 
	 
	
		Hoje vivi uma situação constrangedora, e apesar de ter a visão um pouco enuviada pela presença de uma catarata, na passagem de um avião, moça da cor do pecado e jeito moleca de andar, sem querer balbuciei: Que coisa maravilhosa!  
	 
	
		A moça estacou no lugar, me olhou dos pés ao cabelo e dedo em riste disse:- Meu senhor, quem gosta de pau velho é orquídea. Se enxergue! 
	 
	
		Fiquei com uma sensação de que ia desmaiar, que o solo estava se abrindo e eu afundando. Não consegui dizer nada, nem me desculpar foi possível de tão vexado que fiquei. 
	 
	
		Só posso dizer em minha defesa, que foi algo impensado e sem nenhuma segunda intenção, não sei explicar o que ocorreu.  
	 
	
		Será que é coisa da idade? Será que a gente com o passar dos anos vira o "tiozão da Sukita"?  
	 
	
		Meu Deus!  
	 
	
		Agora, vergonha passada, restou a saudade da juventude e de um tempo que passou.