BigMax Posted 2 hours ago Posted 2 hours ago A Casa Velha Na minha infância, havia uma casa de taipa, há muito abandonada, que o povo jurava ser mal-assombrada. Nunca cheguei a conhecer seus moradores, mas as histórias de arrepiar eram parte do folclore local. Contava-se que, em noites de lua cheia, ruídos estranhos e uivos ecoavam de suas paredes, enquanto cachorros errantes rondavam o terreno. O mais intrigante, porém, era um fogo misterioso que ardia no quintal durante as noites quentes de verão. Eu mesmo cheguei a testemunhar essa chama — anos mais tarde, descobriria se tratar do fogo-fátuo, um fenômeno natural sem qualquer toque sobrenatural. O episódio mais marcante, no entanto, ocorreu num dia de inverno particularmente hostil. O vento soprava com uma força incomum, carregando consigo um som esquisito que parecia vir de dentro da casa. Aos poucos, uma pequena multidão de crianças e adultos curiosos se formou, cada um com sua teoria, quase sempre pendendo para o sobrenatural: uma alma penada, um espírito clamando por paz. Impulsionado pela curiosidade e pelo desejo de provar minha coragem, comecei a me aproximar. A cada passo, meus olhos buscavam uma fresta nas paredes de barro. A porta, corroída pelo tempo, era apenas uma vaga lembrança. Numa primeira investida, tomei coragem e avancei dois passos para dentro, mas não vi nada de anormal e recuei em disparada. A adrenalina, porém, me encorajou. Decidi voltar, desta vez armado com um pedaço de cabo de vassoura, minha espada improvisada contra assombrações. Adentrei a casa e segui até a cozinha, atento a qualquer movimento. De repente, um vulto branco surgiu do nada, emitindo um som pavoroso: "Uhhh... uuhhuuu...". Por um instante, o medo me paralisou. Logo em seguida, em pânico, comecei a golpear a figura com meu cabo de vassoura, enquanto ela gritava para que eu parasse. Era apenas o Quinzinho, um garoto um pouco mais velho, que resolvera me pregar uma peça. Ele havia encontrado um plástico branco numa oficina ali perto e entrado pelos fundos, no mesmo instante em que eu entrava pela frente. O que aconteceu depois... bem, é uma história que nós dois preferimos esquecer.
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