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Feliz Ano Novo!

Naquela última semana de dezembro, o calendário parecia cochichar promessas. As folhas iam se despedindo uma a uma, como quem diz: agora vai. Mas o ano novo, ali quieto na esquina do tempo, não trazia mudança alguma nos bolsos — nem nas ideias.

Era comum ver gente esperando a virada como quem espera um milagre: bastava o relógio marcar meia-noite e, pronto, tudo se ajeitaria. Só que a tal “virada da chave” não morava no calendário. Morava dentro. E exigia mais do que fogos e roupa branca.

Alguns juravam que, desta vez, iriam emagrecer, economizar, mudar de vida. Juravam com convicção, mas sem plano, sem passo, sem começo. Promessas soltas, como desejos soprados ao vento. Porque mudar não é desejar — é planejar, dividir o caminho em trechos pequenos e caminháveis, e seguir, mesmo quando o entusiasmo acaba.

Havia também quem acreditasse que bastava renovar o guarda-roupa. Ano novo, roupa nova, mentalidade antiga. As mesmas desculpas, os mesmos hábitos, os mesmos atalhos. Nenhuma camisa branca dá conta de esconder velhos medos nem preguiças bem cultivadas.

Um dos males do verão é que o calor é tanto que afeta o raciocínio, e começamos a delirar no mundo lotérico. O sonho de que a Mega da Virada vai mudar tudo é apenas isso: um sonho de verão — mais precisamente, de fim de ano. E lá vamos nós, acreditando que a cigana leu a nossa mão e disse: você é um homem de sorte, faça seu jogo. (Isso foi há dois mil anos atrás, e eu sigo acreditando que ela ainda vai acertar a previsão.)

Os que avançavam um pouco mais sabiam que ser proativo dói. Envolve risco, erro, tentativa. Exige aceitar desafios, olhar oportunidades com menos medo e aprender com os tropeços passados, em vez de usá-los como álibi para não tentar de novo.

E, acima de tudo, havia os raros que sabiam onde queriam chegar. Tinham objetivos claros — para o corpo, para o trabalho, para os afetos, para si mesmos. Não metas vagas, mas destinos definidos. Porque quem não sabe o rumo acaba comemorando qualquer chegada.

No fundo, o ano novo não começa em janeiro. Começa no dia em que alguém decide agir. Hoje. Com o primeiro passo, ainda que pequeno, ainda que imperfeito.

Assim, entre uma folha caída do calendário e outra, ficava o recado simples e incômodo: para um ano realmente novo, não basta esperar. A palavra-chave é atitude. E ela não aceita adiamento.

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